Uma
vida melhor?
Em uma casa no
meio da grande São Paulo, dormia Oscar, um homem mal educado que reclama de
tudo e não conhecia a gentileza. Ele estava sonhando com seu passado sofrido,
nas mãos de um pai severo. Acordou angustiado e foi até o banheiro lavar o
rosto.
Ele usava uma
calça de moletom preta e uma blusa de frio azul com capuz. Branco, olhos pretos
e cabelos calvos, ele olhou no espelho e começou a ofender-se.
No dia seguinte
levantou e foi trabalhar, sem fazer ao menos a barba, vestia uma calça social
marrom e um terno barato, com camisa e gravata.
Oscar chegou ao
trabalho e a moça na recepção o chamou e disse:
-O seu Luiz quer vê-lo.
Se dirigiu para a
sala de seu chefe, bateu na porta e entrou sem esperar resposta.
-Oscar, sente-se.
–disse o patrão, sentado com uma camisa xadrez, era obeso e tinha uns papeis na
mão.
Depois que Oscar
sentou o seu chefe lhe entregou os papeis e disse:
-Eu sinto muito.
Obrigado, você já pode ir.
Oscar indignado ao
ler: DEMITIDO, levantou e deu um soco no patrão que caiu da cadeira.
Ele saiu depressa
da empresa e pegou um ônibus, desceu em um cemitério e foi ao túmulo de seu
pai, ajoelhou –se e jogou os papeis no chão, pegou um isqueiro e colocou fogo
neles.
Entre prantos ele
ouviu passos e virou-se, não viu ninguém, quando olhou novamente para o
túmulo viu uma garota sentada, vestia uma roupa branca, cabelos longos e
loiros, olhos verdes.
-Quem é você?
Ela parecia não
ter corpo físico, parecia uma imagem, como de um fantasma.
-Vim te ajudar.
A voz da garota,
de aparência de uma bela menina de uns oito anos, era suave e doce.
-Me ajudar como?
-Eu irei melhorar
sua vida, só precisa fazer uma coisa para mim Oscar.
-Você é um anjo?
Um fantasma? O que tenho que fazer?
-Eu sou um
demônio. E terá que me dar sua alma em troca de uma vida melhor. A morte vem te
buscar hoje, terá um enfarte em poucos minutos, o que você decide?
-Um demônio? Devo
estar louco! Mas aceito.
No mesmo instante
Oscar acordou em sua cama novamente, como se o dia não tivesse passado. Ele fez
a barba e foi ao trabalho, a recepcionista o chamou e ele foi a sala do chefe.
-É uma pena perder
você! –disse o chefe.
-Eu sabia que não
era real! –disse Oscar ao pegar os papeis, porem ele se surpreendeu quando leu:
PROMOVIDO.
-Pena ter que te
transferir para seu novo cargo na matriz, fara falta aqui, mas parabéns! –disse
o patrão.
Oscar sorriu e
abraçou o patrão. Depois saiu e foi para sua sala, pegou suas coisas e partiu num
ônibus para a matriz.
No caminho ele viu
o cemitério e disse em voz baixa:
-Valeu diabinha!
Passaram –se treze
meses, Oscar com a promoção comprou um carro, conseguiu uma namorada que sem
ele fazer muito se apaixonou e estava feliz finalmente, se sentia vivo.
Ele foi ao hospital,
pois sua namorada estava gravida, daria a luz a seu filho naquele momento.
Oscar estava feliz por poder ser pai e corrigir os erros do seu próprio pai,
sendo melhor.
Quando entrou na
sala de parto viu sua namorada, estava pálida e chorava muito. Se aproximou e
perguntou:
-O que houve?
-Eu perdi o bebe,
me perdoe. Eu...
Oscar
desesperou-se, pois sua linda namorada morreu em seus braços, ela era morena,
pele mulata, traços de boneca.
No dia do enterro
ele foi depois para o tumulo de seu pai e disse:
-Você mentiu para
mim!
O demônio
reapareceu e disse:
-Se você tivesse
morrido aquele dia, ela estaria viva ainda.
-Mas isso não é
justo! O que devo fazer? –questionou Oscar entre prantos, pois amava a sua
namorada.
-Uma vida pela
outra. Se mate e eu faço ela viver.
Oscar estava
desnorteado, cego pela dor de vê-la morrer, então pegou um vaso de planta,
quebrou e com o caco de vidro cortou os pulsos, caindo ajoelhado.
-Antes que morra farei que sua amada viva.
Ele olhou para a
direção do lugar onde ela estava enterrada e disse:
-Mas ela está lá
embaixo.
-Sim, está
viva, porém a pobrezinha morrerá asfixiada.
-Nãooooooo!
–gritou Oscar que caiu aos pés do demônio, cada vez mais fraco, até morrer.
FIM.