Costuras e Sangue.
Madelaine, era loira,
32 anos, mãe de duas meninas, magra, bonita, mas pobre como todas nós. Ela era
minha vizinha, trabalhávamos juntas na confecção de roupas para a fábrica
local, em um certo dia antes de irmos embora ela escutou como se tivesse mais
alguém na fábrica, então voltamos para dentro apenas nós duas.
Era perto das sete
da noite, andamos pela fábrica e eu comecei a ficar preocupada, pensando que
poderia ser um ladrão.
Ela disse ter
escutado alguma coisa dentro da sala da supervisão, entramos abaixadas para não
sermos notadas, mas ela espiou, depois se abaixou novamente e me disse:
-Acho que ele não
vai embora se pedirmos, ele veio buscar a todos nós.
Achei estranho o
que ela disse então me levantei sem pensar duas vezes e não vi nada.
-Se abaixe, ele
vai vê-la! –disse ela, que me puxou para baixo, atrás da mesa.
-Não há nada lá
Madelaine! –eu disse.
Ao dizer isso não mais
em voz baixa, escutei um ruído e senti a mesa se mexer, olhei e ela estava
afastada, depois a luz que estava apagada ascendeu sozinha e eu vi marcas de
mãos de sangue por toda a sala.
Me assustei e
disse:
-Vamos sair daqui
depressa!
Eu e Madelaine
saímos às pressas da sala e passávamos por entre as máquinas de confecção para
ir para porta de saída.
As máquinas
começaram a funcionar sozinhas e em todas as agulhas havia sangue, por isso
todas as roupas eram costuradas e ficavam manchadas de sangue.
Nós tentamos abrir
a porta mas estava emperrada e começamos a escutar gritos que vinham do
vestiário.
-Precisamos ir
ver, pode ter alguém em perigo. –disse a ela.
Ela concordou,
fomos então devagar e com medo até o vestiário, os gritos pareciam de uma
mulher, quando chegamos ao vestiário ascendemos a luz e vimos sangue por todo
lado, mas não vimos ninguém.
-Quem está ai? –perguntei.
-Ficou louca, ele
vai nos matar! –afirmou Madelaine.
-Mas quem? O que
foi que você viu? –questionei ela.
E foi nesse
momento que as coisas pioraram, quando ela disse o nome dele.
-É o Tomás. Ele
veio nos levar! –respondeu ela.
Ao dizer isso tudo
começou a estremecer, os armários, os bancos, as torneiras se abriram sozinhas,
assim como os chuveiros e não saía água, mas sangue.
Eu senti algo
puxar meu braço e olhei, não vi nada, mas gritei de susto, ele deixara uma
marca de sangue no meu braço.
Madelaine começou
a chorar com medo e antes que me dissesse algo foi puxada pelos cabelos para
fora do banheiro.
Eu corri atrás
tentando impedir, mas ela foi levada até a máquina de costura, ele segurou a
mão dela embaixo da máquina e a costurou.
Eu tentei me
aproximar, não via quem fazia aquilo, porém tinha que fazer algo. Peguei meu
crucifixo pendurado no pescoço e andei o segurando na frente e me aproximei
dizendo:
-Deixe ela em paz!
Vai embora!
As luzes começaram
a piscar e foi tudo muito rápido a única coisa que via era um vulto vermelho,
ele segurou minha mão e virou meu braço para trás o quebrando e me fazendo
largar o crucifixo.
Ouvi um sussurro
no ouvido que dizia:
-Nem se lembra de
mim, não é Maria Lucia? Pagará por me desprezar!
Foi quando me
lembrei que havia um zelador que trabalhava anteriormente ali e vivia me
olhando, mas nunca lhe dei atenção e até ria quando caçoavam dele por ser
esquisito, com aquele macacão cinza e aquela barba grande e cheia.
Ele soltou meu
braço e eu sentei no chão em choque e vi que ao piscar das luzes o sangue por
toda parte mudava de cor e cheirava a gasolina.
-Me ajude! –pediu Madelaine,
presa na máquina de costura pela mão direita, eu fui até ela que chorava
assustada. Levantei a agulha tentando soltar a mão dela costurada, em vez da
linha percebi que era arame.
Me perguntei se meus
olhos me enganavam ou tudo aquilo era real?
Vi então o fogo
surgir, escutava as risada do zelador maldito. Tentava soltar Madelaine, tive
que puxá-la com um braço só, pois meu outro estava quebrado, corremos para a
porta de saída, lutando para abri-la.
-Ele vai nos
matar! –disse Madelaine já tossindo com a fumaça.
Eu olhei com raiva
para trás e gritei:
-Nos deixe sair! O
que você quer?
Nunca pensei que
fosse atender um pedido desses, mas eu tive que concordar, eu tive!
-Escute Maria
Lucia, precisa me contar tudo que aconteceu ou será condenada a cadeira
elétrica, entende isso? –disse o detetive Denis Pieterson, na penitenciária para
doentes mentais.
Maria Lucia ficou em choque não conseguindo contar o
restante e ele saiu da sala desapontado. Depois a levaram de volta para cela.
Ela ficou trancada
sozinha e cantarolava:
“Ele
vai nos matar,
ele
vai se vingar,
não
tem como escapar,
o
zelador foi quem pediu,
para
você me escutar,
hum,
hum, hum, hum...
hum,
hum, hum, hum...
Ele
vai nos matar,
ele
vai se vingar,
não
tem como escapar,
o
zelador foi quem pediu,
para
você me escutar,
hum,
hum, hum, hum...
hum,
hum, hum, hum...
Ele
vai nos matar,
ele
vai se vingar,
não
tem como escapar,
o
zelador foi quem pediu,
para
você me escutar,
hum,
hum, hum, hum...
hum,
hum, hum, hum...”
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário