O Desejo da Morte.
Em um quarto de
Motel, Maurício, um brasileiro mestiço com japonês, estava sentado em frente a
cama, com as luzes apagadas, estava sozinho, vestia apenas uma calça jeans,
aparentava ter em média 30 anos, cabelos arrepiados e pretos, ele socava o chão
com muita raiva e começou a dizer entre lágrimas:
-Eu odeio minha vida! Me leva daqui! Me leva dessa vida!
Não suporto mais tudo isso, minha família não se importa, eu não me importo
mais comigo, quero morrer!
Ao dizer isso
correu contra a quina da mesa de vidro que tinha por perto e bateu com tudo a
cabeça, ele caiu desmaiado. Passaram –se algumas horas e ele sentiu um cheiro
estranho, abriu os olhos com dificuldade e viu, estava em um jardim lindo, com
flores, ele se sentou e via várias mulheres lindas, com vestes de seda,
dançando, havia um som instrumental e o vento trazia aquele cheiro estranho,
era quase um perfume, mas forte demais.
Ele se levantou e
sorrindo se aproximou de uma das mulheres, ela era uma mulata linda, com cabelos
longos e negros, ele estendeu a mão e ela veio até ele, assim como todas as
outras, elas começaram a dançar ao redor dele.
-Isso não pode ser real! Mas que maravilha, estou no céu!
–disse ele muito sorridente.
Uma delas, foi até
o meio do jardim, ela era loira, com olhos castanhos, ela acenou o chamando.
Ele caminhou com as outras e ela apontou para baixo, havia um precipício,
escuro.
Maurício olhou para ela estranhando aquilo e disse:
-O que foi? O que quer que eu veja?
Ela não respondeu,
mas ela com todas as outras o empurraram no precipício. Ele caia e viu que elas
se transformaram em demônios.
O lugar era escuro
e parecia não ter fim, ele começou a sentir sua pele rasgar, seu corpo queimar,
ele gritava e se debatia, caia com muita velocidade.
Sua pele foi
saindo de seu corpo, assim como sua carne, como se o precipício sugasse, ele
perdeu tudo e ficou apenas com os ossos, mas estava “vivo”.
Ele caiu em um
monte de folhas secas, se levantou e olhava seu corpo assustado, ele caminhou
era uma aldeia, com cabanas parecidas com de índios, mas sombrias, haviam
vários como ele lá, crianças e mulheres também.
Maurício de
aproximou de um homem e perguntou:
-Que lugar é esse?
O homem não
respondeu, mas saiu andando e entrou em uma das cabanas, Maurício entrou
também. O homem se sentou no chão e deu um livro com capa negra e um símbolo de
um demônio na capa para Maurício.
Ele o abriu e nele
continha vários desenhos, de lugares, era fascinante, pois não eram quaisquer
lugares, eram os sete infernos, era como um guia.
Maurício se
levantou e saiu vendo os desenhos, ele seguiu pela indicação do desenho, por
uma estrada, coberta por sangue, tomava cuidado para não escorregar e caminhou
muito até chegar em um castelo enorme. No guia estava marcado com o nome de um demônio,
que não ouso pronunciar, pois estaria chamando por ele.
Ele passou pelo
imenso portão de ferro, aproximou –se da porta e bateu com força, com sua mão
puro osso.
Nada aconteceu,
então ele entrou no castelo e viu, era enorme e belo por dentro, mas ao mesmo
tempo tenebroso. Uma sala repleta de instrumentos de todos os tipos, ele se
aproximou de um violoncelo e o tocou nas cordas, fazendo soar seu belo som.
Morcegos voaram com o som, ele se surpreendeu e questionou:
-Como pode? Morcegos aqui? Não estou no inferno?
Havia uma enorme
escada no meio da sala por onde surgiu um homem, esse estava normal com sua
carne e ossos, era singelo, cabelos morenos presos para trás, uma pele pálida,
olhos vermelhos, roupas do século x, ele desceu as escadas e se aproximou de
Maurício.
-O que procuras? –perguntou o homem.
-Quero saber, onde estou? Me ajude, estou perdido. –respondeu
Maurício.
-Venha comigo. –respondeu o homem.
Eles subiram as
escadas, o homem estalou os dedos e os instrumentos começaram a tocar sozinhos,
Maurício olhava tudo admirado e seguia o homem, que o levou até uma biblioteca.
-Sente-se por favor. –disse o homem que ofereceu uma
cadeira para Maurício e sentou-se em outra atrás de uma mesa.
-Vai me ajudar? –perguntou Maurício.
-Escute por gentileza o que tenho a dizer Maurício. Você
está entre a vida e a morte em um leito de hospital. Está em coma e sua alma
veio para cá, mas não morreu ainda. Precisa decidir o que quer. –Contou o
homem, friamente, mas com gestos cultos e olhar penetrante.
-Mas o que? Não morri? Isso aqui é a minha alma? Eu tenho
que escolher o que? –questionou desnorteado Maurício.
-Sua alma, está aqui, mas deve escolher morrer ou viver.
Se escolher morrer permanecerá aqui, como os outros, mas se escolher viver, não
será como antes. –explicou o homem.
-Quem é você? E como assim não será como antes? Diga o
que tenho que fazer? Não quero ficar aqui, escolho viver! –responde Maurício.
-Sou o demônio. O príncipe demônio. Deve apenas fazer um
pacto comigo, voltarás e será um caçador de almas! Aceita isso? –perguntou o
homem.
-Você é o maior demônio do inferno? Sério? Estou falando em
uma sala fechada, uma biblioteca com o diabo mesmo? Bom acho, que... Bom eu
aceito! –disse Maurício.
-Sim sou o diabo, mas esse não é meu nome em si, mas isso
não vem ao caso. Voltarás para o mundo dos mortais e será meu escravo! –afirmou
o homem, que se levantou e tocou na testa de Maurício.
Maurício sentiu
muita dor e gritava, mas logo tudo sumiu e ele acordou no susto, mas não estava
em um hospital, estava dentro de um caixão. Mas tinha seu corpo de volta,
sentiu suas mãos e sorriu, mas começo a ficar sem ar, bateu na tampa do caixão
e o fez quebrar, sua força havia redobrado, de forma sobrenatural. Mas com isso
a terra começou a entrar no caixão, ele cavocou a terra, se rastejando para
sair do túmulo.
Ao sair era dia,
ele correu até a beira de um telhado de uma capela do cemitério, pois o sol o
queimava.
-Será que sou um vampiro? Ele entrou na capela e viu um
crucifixo, se aproximou e tocou, mas sua mão queimou, ele então começou a
sentir que havia mudado realmente, ele então abriu os braços e riu, estava muito
alegre.
-Tem coisas a fazer Maurício! –disse o homem que apareceu
do lado dele.
Maurício se
assustou e questionou:
-O que tenho que fazer?
-Simples, sugue as almas para mim, com suas presa, você
se alimenta do sangue e eu das almas! Vampiro! –explicou o homem.
-Sim, começarei pelos ingratos da minha família! –afirmou
Maurício.
-Só tome cuidado para não ser descoberto e evite a luz do
sol. –disse o homem antes de sumir.
Maurício começou
pela sua família, matou a todos, depois começou a pegar jovens que saiam da
escola a noite, invadia residências com usa velocidade incrível, ninguém o
percebia.
Depois de 110
anos, Maurício estava em uma velha casa, sentado no chão apenas com uma calça
jeans, ele socava o chão e dizia:
-Eu quero morrer, minha vida não tem sentido! Quero
morrer!
Então se jogou
contra um pedaço de ferro saído da porta de ferro, fincando sua cabeça. Começou a
sangrar, tirou a cabeça do ferro e caiu no chão enfraquecendo e disse:
-Me leva! Quero morrer!
O homem apareceu e
disse:
-Você escolheu viver, nada o fará morrer, a não ser que
eu permita.
-Por favor, por gentileza, me manda pro inferno! –pediu Maurício.
-Já está vivendo um! Mas agora que perdeu todo seu sangue
passará a eternidade aqui, sozinho, no escuro, sem forças para se levantar! Antes
de tentar se matar, deveria pensar o que vem depois. –disse o homem, que riu
até desaparecer.
-Eu só queria ter paz! Mas acho que minha vida era melhor
antes, porque eu fui tentar me matar! Porque? –questionou Maurício.
Ele adormeceu e
acordou no motel. Ele havia sim batido com a cabeça, mas só estava desmaiado.
Ele se levantou e tocou a cabeça sangrando e sorriu dizendo:
-Vou escrever um livro disso! Acho que acordei para vida!
Ele se levantou
com dificuldade e escutou um rosnado, olhou para trás e viu um demônio, preto,
com olhos vermelhos, rabo longo e pontudo e garras enormes, com fogo na boca e
asas.
-Você vem comigo! –disse o demônio com uma voz, grossa e
temível.
Maurício percebeu
que sua imaginação foi terrível, mas a realidade era muito pior.
Fim.