terça-feira

Neblina Infernal



NEBLIDA INFERNAL

 Paulo e Fabiane se mudaram para uma casa afastada da cidade grande, havia vizinhos mas com uma distância notável, era noite, a primeira depois da mudança, eles tinham acabado de se casar e começariam ali uma nova vida.

-Fabi, venha cá querida, temos que comemorar! –disse Paulo, deitado na cama nova, os outros móveis do quarto ainda estavam cobertos.

-Já vou. –respondeu ela que estava no banheiro escolhendo uma lingerie.

 De repente Paulo sentiu frio e se levantou para fechar a janela, ele estava só de cueca. Ele era branco, todo tatuado, e cabelo raspado, com um cavanhaque.

 Ele olhou pela janela antes de fechar e viu alguém passando em meio a neblina.

-Amor vou lá fora, já volto, fique aqui. –disse ele que vestiu a calça e saiu com uma garrafa de vinho vazia na mão.

 Ele andou devagar ao redor da casa observando atentamente, quando ouviu Fabiane gritando e correu para dentro da casa, ele foi depressa para o quarto, mas não encontrou Fabiane, ele então foi olhar em todos os cômodos e nada, saio novamente e chamou por ela:

-Fabiane? Cadê você?

Ele entrou e pegou o telefone.

-Preciso chamar a polícia. –disse ele.

 Fabiane era uma morena de cabelos até os ombros, olhos azuis. Paulo estava esperando ser atendido pela polícia no telefone quando escutou um barulho no quarto. Chegando lá ele vê Fabiane, ela está amarrada na cama coberta de sangue, com marcas de mãos como se elas a tivessem rasgado a pele.

-Amor, não! –disse Paulo que larga a garrafa e se aproxima de Fabiane, ele à desamarra e mede sua pulsação, ela está viva.

 De manhã ela acorda e vê Paulo sentado na beira da cama.

-O que aconteceu? Paulo? –perguntou ela.

 Ele se vira e responde:

-Eu esperava que você me dissesse. Não se lembra de nada? Eu chamei a polícia eles olharam tudo, mas não encontraram nada. Disseram para ligar se víssemos mais alguma coisa.

-Não sei, só me lembro de estar no banheiro, daí você disse que ia lá fora, depois eu vesti meu roupão e sai do banheiro, escutei alguém me chamando lá fora, achei que fosse você, não lembro de mais nada. -contou ela.

 Depois do que aconteceu eles ficaram atentos, Paulo instalou câmeras do lado de fora da casa.

 Passados dois dias, eles estavam dormindo, era por volta das duas da manhã. Paulo acordou e sentiu Fabiane levantando da cama, ele sentou na cama e disse:

-Onde você vai?

 Mas ela não respondeu e continuou a andar, ele levantou e a seguiu, ela saiu da casa e se ajoelhou do lado de uma árvore do lado da casa, o chão era de terra e ela começou a comer a terra.

-Ei, Fabiane! –disse ele ao ver aquilo, se aproximou e segurou ela por traz.

-Pare com isso! Ficou louca? Vamos voltar para dentro, essa neblina está aumentando, está como naquela noite. –Completou ele.

 Fabiane se virou com terra nas mãos e na boca e disse:

-Já é tarde, ela é minha!

 Ela tinha uma voz grossa e tenebrosa, ele se assustou e afastou-se dela, correndo para dentro de casa. Ele parecia corajoso, mas não hesitou em fugir visto aquilo, ele ficou segurando a porta da entrada e começou a dizer:

-Isso é só um sonho! Isso é só um sonho!

 Então ele escutou novamente um barulho no quarto e foi devagar olhar, ele estava suando de pavor, se aproximou da porta e a abriu aos poucos, na cama estava Fabiane, dessa vez estava deitada de bruços e coberta.

-Fabiane? Você está bem? –disse ele que entrou no quarto, mas ficou com receio de tocar nela.

 As luzes então se apagaram e ele mal podia enxergar, ele se assustou e andou para traz ficando rente na parede.

-Para de ser tão medroso, ela precisa de ajuda! –disse Paulo para si próprio.

 Ele foi até a cozinha e ascendeu uma vela e começou a procurar por Fabiane, ele voltou ao quarto, mas não a viu, foi até o banheiro, pois escutou o chuveiro ligar. Chegando lá ele entrou rapidamente e disse:

-Já chega! É o seguinte, não tenho medo de você! Deixe a minha mulher em paz! Ou eu vou, ou eu vou, bom você vai se arrepender!

 Paulo estava tremendo, mas falou com firmeza e se aproximou do box com a vela, ele abriu o box e viu Fabiane nua sentada no canto de costas, ele entrou no box, desligou o chuveiro e tocou-lhe o rosto.

-Fala comigo, isso não pode está acontecendo, eu te amo Fabiane. –disse ele tremendo e começando a chorar.

 Ela estava de olhos fechados e os abriu ao ouvir isso, respondeu dizendo:

-Ele não vai me deixar ficar com você, ele vai te machucar! Corra! Fuja agora!

 A pós dizer isso ela começou a estremecer e vomitar sangue. Paulo se levantou, mas não fugiu, ele parou de tremer, se aproximou dela e disse:

-Que ele tente então me machucar, mas não vou deixar você!

 O medo que invadia Paulo desapareceu, pois ele pensou que devia ter mais autoridade sobre o que estava atormentando sua mulher.

Ela se levantou e gritou:

-Fuja!

 Dito isso ela mudou a face e começou a enforcar Paulo, ela tinha uma força muito grande e Paulo largou a vela e tentava resistir. A neblina invadiu a casa e Paulo começou a perder as forças.

-Sei que está ai Fabiane. Não deixe ele fazer isso! Ai meu Deus dai-me forças! –disse ele com muita dificuldade.

 Paulo segurou os braços de Fabiane e a chutou para traz, ela caiu e ele foi para cima dela, segurou-lhe os braços em quanto ela se debatia, as luzes na casa começaram a piscar e ele via ao seu redor vários seres do mal, que pareciam estar na neblina que cobria tudo. Olhando para Fabiane ele disse:

-O que tenho que fazer para te ajudar? Me diga!

 Ele começou a chama-la pelo nome e ela foi recobrando a razão.

-Eu abortei um filho nosso! –disse ela enfraquecida.

 A neblina desapareceu junto com os espíritos.

-O que? Mas porque fez isso? –perguntou ele chorando.

-Eu só não queria agora, porque não queria casar já estando grávida, eu sinto muito. Meu filho me perdoe. –ela começou a chorar muito e abraçou Paulo.

No dia seguinte ela acordou e Paulo estava ao lado a vendo dormir.

-Eu estou arrasado pelo que você fez, mas quero que me fale porque aconteceram aquelas coisas com você, me explique! –exclamou Paulo.

-Você é mesmo um idiota, você acha que eu quero uma vidinha com você, eu quero muito mais do que você pode me oferecer e ele meu bem, ele pode me dar muito mais! –disse ela parecendo estar com ódio de Paulo.

-Essa não é você, pare com isso agora! Levante-se e vamos sair daqui! –exclamou ele que a fez trocar de roupa. Eles saíram da casa de carro e foram até uma igreja.

-Fique quieta! E venha comigo! –disse Paulo que desceu do carro e foi com Fabiane até a entrada da igreja.

-Eu não posso entrar ai! –afirmou ela que começou a resistir para entrar.

 Então Paulo gritou:

-Socorro! Socorro! Têm alguém na igreja?

A porta estava aberta e um frei saiu para ver quem chamava, ele vestia uma batina, ainda não era padre.

-Mas o que foi? –perguntou o frei.

-Ela precisa de ajuda, acho que está sendo dominada por um espirito do mal! –contou Paulo.

-Não pode ser, escute-me entre e vamos conversar. –disse o frei.

Paulo tentou segurar Fabiane e faze-la entrar na igreja, mas ela resistia e cuspiu no rosto do frei. O frei parou a olhou e perguntou:

-Quem é você?

Fabiane virou os olhos, se soltou de Paulo, empurrou o frei contra a parede e disse com a voz alterada:

-O dono dessa terra!

O frei se assustou e disse para Paulo:

-Corra e chame o padre que está na capela!

Paulo correu para dentro da igreja e Fabiane começou lamber o rosto do frei dizendo:

-Você será meu também.

O frei se irritou a empurrou para trás e disse firmemente:

-Eu não admito isso! Respeite a mim, respeite a moça e principalmente respeite a casa em que está diante, a casa de Deus! Eu não sou padre, nem me sinto superior a ninguém, mas sei que você é menos do que eu, porque é tolo em achar que pode contra Deus! Vai embora agora! Não terá êxito aqui!

 O frei foi se aproximando, muito furioso e chegando perto de Fabiane completou dizendo:

-Vai embora! Pelo poder que vem do nome de quem nos criou, vai embora, já!

Nisso o padre e Paulo chegaram, mas Fabiane se debateu e caiu no chão, Paulo se aproximou e ela acordou olhou para o frei e perguntou:

-Como fez isso?

O frei respondeu:

-Não fui eu, mas aquele que cuida de nós!
 

Fim.

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