domingo

Visão nas Trevas


Visão nas Trevas 

  Há mais ou menos um ano atrás Júlio, um homem de 27 anos, alto, magro, um negro sempre bem vestido, estava dirigindo para voltar para casa, vindo de outra cidade onde trabalhava, era uma noite linda, cheia de estrelas no céu, nenhuma nuvem, ele como sempre estava ouvindo música, gostava de ouvir pagode. 

De repente ele ouviu alguém chamando, não pelo seu nome, mas pelo seu apelido que era Nenê, ele achou estranho pois estava sozinho no carro, parecia a voz de um homem, mas estava sussurrando.

Júlio passou a mão sobre o rosto e pensou que deveria ser impressão dele, talvez estivesse apenas com sono, era por volta das 20 horas.

 Mais ou menos cinco minutos depois o rádio parou, Júlio se irritou e disse:

-Que droga de rádio!

 Dito isso o carro simplesmente parou de funcionar.

-Era só o que me faltava! Estou no meio da estrada ainda! –disse ele que encostou o carro e desceu para ver o motor.

-Nenê? Nenê? É você quem procuro! Venha comigo! –disse um homem velho, parecendo um andarilho, vestido com roupas rasgadas e encapuzado, com uma longa barda grisalha.

-Mas de onde você surgiu? O que você quer? Não adianta querer o carro ele não funciona! - disse Júlio que se espantou e achou que poderia ser um assalto.

-Me siga! –disse o velho, que andou pela estrada e desapareceu.

-Mas como pode? –Júlio deixou o carro e foi na direção onde o velho andou.

Começou a sentir uma tontura, ele coçou os olhos e quando viu estava em outro lugar, estava chovendo, mas não caia água do céu, mas sangue, o chão era cheio de espinhos e ventava muito.

-Caramba! Mas onde estou? O que é isso tudo? –gritou ele desesperado.

O velho então apareceu e retirou o capuz, ele se transformou era um homem idêntico ao Júlio e disse:

-Você disse por várias vezes que não aguentava mais a sua vida, que trocaria tudo por mais um dia livre de sua mulher, dois filhos e seu emprego distante de casa. Pois bem atendi aos seus pedidos, agora está livre.

Dito isso o velho desapareceu e Júlio caiu de joelhos e começou a chorar, os espinhos cresciam e machucavam Júlio, ele começou a gritar pedindo perdão por tudo, mas era tarde.

O velho voltou até o carro e seguiu viagem, o carro e o rádio voltaram a funcionar.

Chegando na casa de Júlio o velho entrou e se deitou ao lado da esposa de Júlio, tocou em seu ombro acordando-a, ela se virou e disse:

-Que mão gelada amor, como você demorou hoje. –ela se sentou na cama e disse para ele -acho que devíamos fazer alguma coisa, porque sinto você muito distante, eu te amo!

O velho fez um carinho em seu rosto e disse:

-Vou atender ao seu pedido. –dito isso a casa começou a pegar fogo, mas ela parecia paralisada com o toque dele. Ela via e sentia o fogo, mas não conseguia se mover...as crianças dormindo, Daniela 8 anos e Pedro 10 anos, acordaram mas também não conseguiam se mexer.

Júlio começou a fazer orações, pedindo a Deus que o deixasse sair dali, então ele voltou para a estrada, tudo parecia normal, mas o carro não estava ali.

Quando ele chegou em casa, após pegar um ônibus quilômetros depois de onde deixara o carro ele viu apenas destroços da casa, que foi consumida pelo fogo, os bombeiros ainda estavam ali e a polícia.

Ele começou a gritar dizendo:

-Foi tudo culpa minha! Não!

Vendo isso o policial se aproximou e o prendeu como suspeito. Ele confessou o crime e foi sentenciado.

Todos os dias na cadeia ele se isolava e dizia ter visões de sua família nas chamas. Recentemente ele foi solto e desde então ele tem contado sua história, em um hospital psiquiátrico.

 

Fim.

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